Dermatite Atópica: o guia

Resumo do que a ciência já sabe: a dermatite atópica (DA) é uma doença inflamatória crônica da pele, muito comum, que alterna períodos de crises e remissão. A base do problema é uma barreira cutânea fragilizada (em parte explicada por genética) somada a respostas imunes desreguladas e fatores ambientais. Cuidar diariamente da barreira reduz sintomas e espaça as crises.

23 de setembro é o Dia Nacional da Conscientização sobre a Dermatite Atópica, instituído pela Lei 14.916/2024. 

Mas o que é dermatite atópica?

  • É uma condição crônica que causa coceira, ressecamento e lesões eczematosas que vão e voltam.

  • Atinge milhões de pessoas no mundo; estimativas globais recentes sugerem prevalência em torno de 4% em crianças e ~2% em adultos (varia por região, idade e método do estudo). 

Por que ela acontece?

  • Barreira cutânea fraca: a pele perde água com facilidade e deixa “entrar” irritantes e microrganismos → coça e inflama.

  • Genética: variantes em genes como o da filaggrina aumentam vulnerabilidade da barreira.

  • Sistema imune “acelerado” + ambiente: alergênios, clima, infecções, estresse e produtos agressivos podem disparar crises.

Hidratar faz diferença, de verdade?

Sim. Diretrizes e revisões atualizadas colocam emolientes (hidratantes) como pilar do manejo, porque melhoram sinais/sintomas e aumentam o intervalo entre flares.

E há ensaios clínicos mostrando ganho objetivo de tempo sem crise:

  • Eczema nas mãos: quem passou hidratante todo dia ficou muito mais tempo sem crise — em vez de a crise voltar em 2 dias, voltou só por volta de 20 dias. Essa diferença é real, não foi só sorte.
  • Outro estudo aponta: usar só o hidratante (sem remédio junto) já ajudou a diminuir o número de novas crises quando comparado a um creme neutro (sem ativos).
  • Dica baseada em consenso clínico: hidratar logo após o banho (o famoso soak & seal, “molhar e selar”) ajuda a “prender” a água na pele.

Rotina-base de cuidado

  • Limpeza gentil (banho morno, sem esfregar, limpadores sem fragrância intensa).

  • Hidratação diária generosa (de preferência logo após o banho).

  • Manutenção: reaplique nas áreas mais secas ao longo do dia.

  • Em casos moderados a graves, o dermatologista pode orientar medicações tópicas (corticoides, inibidores de calcineurina, etc), fototerapia e, quando indicado, terapias sistêmicas/biológicos. 

Banho de banheira com óleo funciona?

As orientações do National Institute for Health and Care Excellence (NICE), órgão oficial do Reino Unido, dizem para usar hidratantes (emolientes) todos os dias — para hidratar a pele, na hora de lavar e no banho.
Mas eles não recomendam colocar “óleo/emoliente na água do banho” de rotina em crianças, porque os estudos não mostram um benefício extra consistente.
O que realmente funciona é passar o hidratante diretamente na pele (“leave-on”), em boa quantidade, todos os dias — de preferência logo após o banho.

Peles de diferentes tons: sinais mudam (o cuidado, não)

Em peles negras e morenas, a DA pode parecer arroxeada/acinzentada (e não vermelha), com maior risco de hiperpigmentação pós-inflamatória, o que às vezes atrasa o diagnóstico. Profissionais e pacientes devem considerar essas diferenças para avaliar gravidade e resposta.

O que evitar no dia a dia

  • Fragrâncias intensas sintéticas e limpadores agressivos → podem irritar e romper a barreira.

  • Banho muito quente/prolongado → piora prurido e resseca a pele.

  • Coçar (sabemos que é difícil!) → prefira compressas frias e medicação orientada pelo médico.

  • Dietas restritivas sem avaliação ou orientação nutricional → risco de carências; procure sempre orientação profissional.

Quando procurar o dermatologista

  • Lesões se agravam ou não melhoram com cuidado básico.

  • Sinais de infecção (pus, crostas amareladas, febre).

  • Impacto na qualidade de vida (insônia, dor, limitação diária).

  • Para discutir opções de tratamento moderadas/avançadas.

O compromisso da Immune

A Immune nasceu para somar às rotinas recomendadas por especialistas, com fórmulas seguras, vegans, sem parabenos, ftalatos, petrolatos, silicones e metais pesados, ajudando a cuidar da barreira cutânea no dia a dia — especialmente de quem tem pele sensível/reativa. Não substituímos tratamento médico. Nosso foco é conforto e respeito à pele e equilíbrio imune.

Fontes:

  • Fisiopatologia & barreira cutânea: JACI-In Practice. Targeting Skin Barrier Function in AD (2023).

  • Genética (filaggrina): Gupta J. Filaggrin gene mutations… (2020, PMC).

  • Epidemiologia global: Tian J. Global epidemiology of AD (2023). 

  • Diretrizes AAD (tópicos): AAD Clinical Guidelines (2023–2024). Academia Americana de Dermatologia

  • Diretrizes AAAAI/ACAAI (2023): Atopic dermatitis guidelines (PDF).

  • Emolientes reduzem flares (ensaio): Acta Derm-Venereol. (2010).

  • Emoliente isolado previne flares: Angelova-Fischer I. (2018). 

  • NICE (crianças <12): uso diário de emolientes e evidência de aditivos de banho.

  • Pele  (diferenças de apresentação): Sachdeva M. (2022, PMC); JID (2025).

  • Lei 14.916/2024 — Senado Federal (notícia oficial). 

  • American Academy of Dermatology (AAD). 

  • PCDT Dermatite Atópica (Brasil). Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas.

Aviso importante

Este conteúdo é educacional e não substitui orientação médica. Em caso de dúvida, procure seu dermatologista.